segunda-feira, 28 de setembro de 2009

    Povo Que Lavas No Rio

    "local da imagem,Ponte de Lima"

    Povo que lavas no rio
    Que talhas com o teu machado
    As tábuas do meu caixão.
    Pode haver quem te defenda
    Quem compre o teu chão sagrado
    Mas a tua vida não.

    Fui ter à mesa redonda
    Bebi em malga que me esconde
    Um beijo de mão em mão.
    Era o vinho que me deste
    Água pura, fruto agreste
    Mas a tua vida não.

    Aromas de urze e de lama
    Dormi com eles na cama
    Tive a mesma condição.
    Povo, povo, eu te pertenço
    Deste-me alturas de incenso,
    Mas a tua vida não.

    Povo que lavas no rio
    Que talhas com o teu machado
    As tábuas do meu caixão.
    Pode haver quem te defenda
    Quem compre o teu chão sagrado
    Mas a tua vida não.

    Amália Rodrigues
    Composição: Pedro Homem de Melo