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terça-feira, 10 de junho de 2008

Luís Vaz de Camões

Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados

Faça sentir ao peito que não sente.
Farei que amor a todos avivente,
Pintando mil segredos delicados,

Brandas iras, suspiros magoados,
Temerosa ousadia e pena ausente.
Também, Senhora, do desprezo honesto

De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.
Porém, pera cantar de vosso gesto

A composição alta e milagrosa
Aqui falta saber, engenho e arte.

Luís Vaz de Camões