quinta-feira, 15 de abril de 2010

Olhares,Moinhos em Apulia.

domingo, 11 de abril de 2010

OLHARES, "A outra margem do Rio" .




Não sei o que nos espera
do outro lado do rio,
se um barco a êsmo,
se um pescador remando

Não sei o que nos espera
do outro lado da raia,
um vulto, uma sombra de casebre
um ódio que vem por

Não sei o que nos espera
do líder, a mesquinha promessa,
corrupção é o que fazemos e sofremos
e, na gaiola só ficam os pássaros da liberdade

Não sei o que nos espera
uma Ilha Grande, prisão da gente que se rebela,
o refúgio das paixões amargas que o povo sente
e, morre sem encontrar a terra prometida

Não sei o que nos espera
cobrir o verde lugar de erupções líticas
encostas onde se consome a paz do mar
do jardim artificial, do bucólico não mais existe

Não sei o que nos espera
na outra margem do Rio de janeiro a dezembro
alto preço da especulação, destruição consentida
e, a natureza cobra pela própria sobrevivência...

«AjAraujo»

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quarta-feira, 7 de abril de 2010

"FLORES"


Se com flores se fizeram revoluções
que linda revolução daria este canteiro!

Quando o clarim do sol toca a matinas
ei-las que emergem do nocturno sono
e as brandas, tenras hastes se perfilam.
Estão fardadas de verde clorofila,
botões vermelhos, faixas amarelas,
penachos brancos que se balanceiam
em mesuras que a aragem determina.
É do regulamento ser viçoso
quando a seiva crepita nas nervuras
e frenética ascende aos altos vértices.

São flores e, como flores, abrem corolas
na memória dos homens.

Recorda o homem que no berço adormecia,
epiderme de flor num sorriso de flor,
e que entre flores correu quando era infante,
ébrio de cheiros,
abrindo os olhos grandes como flores.
Depois, a flor que ela prendeu entre os cabelos,
rede de borboletas, armadilha de unguentos,
o amor à flor dos lábios,
o amor dos lábios desdobrado em flor,
a flor na emboscada, comprometida e ingénua,
colaborante e alheia,
a flor no seu canteiro à espera que a exaltem,
que em respeito a violem
e em sagrado a venerem.

Flores estupefacientes, droga dos olhos, vício dos sentidos.

Ai flores, ai flores das verdes hastes!
A César o que é de César. Às flores o que é das flores.

«António Gedeão»
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