quinta-feira, 1 de julho de 2010

"QUASE UMA NATUREZA MORTA"


Um braço de rio que se solta da margem os ramos
prolongam, na água, a nostalgia de terra. A pureza
da luz não atravessa a superfície para se perder
num fundo que não se adivinha (ali, onde a corrente
faz saltar as espumas do centro, ninguém se aventura
- mesmo que as pedras separem o curso branco
das águas). «Que é isto?», perguntas. A parábola
capital a tua vida cortada ao meio, como se não
houvesse uma direcção única a prosseguir até ao
fim. «Nem no amor?» Porém, a tarde traz consigo
o frio, a visão transparente dos montes, e até
o canto dos pássaros parece mais nítido, como se
nenhuma outra vibração o contaminasse. Respiro
contigo o conhecimento da realidade mesmo que ele
passe pela descoberta de outra vida, pelo contacto
entre duas solidões, ou apenas por uma breve
hesitação antes que os lábios se toquem, levando
um e outro a saltar a outra margem - a mais abstracta
a que apenas separa um corpo de outro corpo e,
por cima disso, define os limites da razão e do sentimento.

"POR AQUI"
.««OBS, NA IMAGEM FOZ DO RIO NEIVA»»
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Deborah Harry, a vocalista dos Blondie, nasceu há 65 anos.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

"Mundo cor-de-rosa"




Começa mais um dia
Na cama reina a teimosia
Embora luz do Sol irradia
Nada parece me despertar
Lembranças de uma vida de sonho
Crianças vivem sorrindo, suponho
Então é daí que eu te proponho
Uma caminhada sem sofrer
Já calcei o meu sapato
E nem quero ouvir o chato
Que diz sou infeliz de fato
Pois saio de casa a sorrir
Olhei para o céu de nuvens brancas
E nas tuas palavras mais francas
No meu coração coloquei trancas
E agora não sinto mais dor
Batom na boca cor-de-rosa
Teu beijo vem como prosa
Manhã mais que gostosa
Esta que tu me deu
Certeza em mim só aumenta
Pois, já não sou o que tenta
Pois no meu peito já esquenta
O coração que é só teu!

«André Neves Andrade»
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